Uma questão que surgiu na disciplina de Fisioterapia Pediátrica é se higiene
brônquica deve ser feita sempre com ambu. Ocorre que o ambu havia sido apresentado
durante uma fala como recurso interessante em algumas situações, mas como alguns
dos acadêmicos ainda não haviam cursado a disciplina de Fisioterapia
Pneumofuncional, surgiu a interrogação.
O ambu é utilizado em casos bem específicos como recurso para higiene
brônquica, especialmente em situações em que os pacientes estão em ventilação
invasiva e apresentam secreções muito espessas e, por isso, precisam de um recurso
que, ao provocar um maior turbilhonamento do fluxo aéreo, favorece o
deslocamento das secreções. Mas, para aproveitar esse questionamento, penso que
podemos pensar sobre o deslocamento de secreções a partir de uma melhor ventilação
pulmonar.
Pense comigo, nós não necessitamos de fisioterapia respiratória todas as
vezes que fazemos uma infecção respiratória. Com frequência eliminamos
secreções voluntariamente, não é mesmo?! Porque isso acontece? Porque possuímos
uma boa condição muscular dos músculos tóracoabdominais. E porque nossos
músculos tóracoabdominais funcionam adequadamente, ventilamos bem. E porque
ventilamos bem, as secreções se deslocam e ascendem para as vias aéreas
superiores e assim podemos eliminá-las, espontaneamente.
Apenas quando as secreções tornam-se mais espessas é que precisamos de
auxílio para eliminá-las e este auxílio, muitas vezes, vem de medicamentos
específicos e fisioterapia respiratória. A fisioterapia, nestes casos, necessitará
utilizar-se de manuseios, posicionamentos, movimentos que favoreçam a higiene
brônquica, de modo que a secreção seja eliminada com maior eficácia, evitando
que seu acúmulo e espessamento agravem o quadro clínico.
A lógica das manobras de higiene brônquica é a mesma do ambu (mas só a
lógica), que é a de aumentar o fluxo aéreo para deslocar as secreções e
permitir que elas ascendam para as vias aéreas superiores. Várias são as
manobras e manuseios que podemos utilizar para favorecer o deslocamento de
secreções em crianças.
É preciso lembrar que com os pequenos os comandos verbais serão pouco ou
nada eficientes, uma vez que ainda estão aprendendo a controlar seus músculos e
movimentos. Por isso, manuseios são os recursos mais utilizados com os bem
pequenos. Entre eles são eficientes os alongamentos passivos e
miofasciais dos músculos acessórios da respiração (cervicais,
escapulares e peitoral), posicionamentos, apoios sobre o
abdômen, manobras miofasciais, cinesioterapia,
entre outros recursos manuais.
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