Nossos
músculos encurtam por diferentes razões, a mais comum talvez seja o desuso.
Quando, por alguma razão, nos movimentamos pouco ou nos mantemos muitas horas
numa mesma posição, nossos músculos
encurtam.
Pessoas
com comprometimento neuromotor (Paralisia Cerebral, AVC, Traumatismo Craniano,
Lesão Medular, processos inflamatórios, entre outras agressões possíveis ao
Sistema Nervoso), costumam ter sua mobilidade reduzida. Desta forma, seja pela
limitação
ou dificuldade em usar seus músculos, ou pelo desequilíbrio no nível de
tensão dos músculos (tônus muscular), eles podem encurtar.
Muitos
pacientes, familiares e até mesmo profissionais da saúde, acreditam que basta
alongar o segmento encurtado para que a fibra muscular volte a recuperar seu
tamanho e elasticidade. Mas, vamos pensar juntos, se a razão do encurtamento
é a falta de movimento, não é coerente pensar que além de alongar é
preciso movimentar os grupos musculares acometidos?
As
condutas passivas são muito bem vindas na neuroreabilitação,
especialmente quando o paciente não consegue realizar movimentos ativamente.
Mas, a meta, o norte, é sempre o movimento ativo. Melhoramos a mobilidade para
melhor movimentar. É verdade que a recuperação
do movimento pode aumentar o encurtamento. Por isso, alongar é preciso, mas
movimentar também é.
Em
neuroreabilitação nem sempre escolhemos
isto ou aquilo. Muitas vezes, isto e aquilo são igualmente importantes.
Movimentamos para ganhar força e evitar o desuso. Ao
recuperarmos a força, o ganho de força
pode causar encurtamento. Então, alongamos para melhor movimentar. Essa é a
roda vida da neuroreabilitação.
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Imagem extraída da Cartilha de Cuidados Posturais e Estimulação
do Desenvolvimento Motor em domicílio para bebês e crianças com atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor
Disponível no: http://www.telessaude.uerj.br/escola/docs/cartilha.pdf