É quase impossível para um neurocientista,
especialmente para os ludocientistas, não relacionar a anatomia das estruturas
límbicas, em seu corte sagital, com o símbolo egípcio chamado O Olho de Hórus. Há muitas relações estabelecidas
entre o Olho de Hórus e as estruturas encefálicas. Mas quem foi Hórus?
Segundo a mitologia egípcia, Hórus, filho dos irmãos Ísis
e Osíris, é o deus dos céus. Reza a lenda que Hórus foi concebido por Isis quando Osíris já
estava morto e que a fecundação ocorreu quando Isis, na forma de um pássaro,
pousou sobre Osíris já mumificado. A figura mitológica de Hórus é representada
com cabeça de falcão, uma ave que voa alto e tem ótima visão. Seus olhos
representavam o Sol e a Lua.
Diz a lenda que durante uma luta com seu tio Seth, deus
do caos, este arrancou o olho esquerdo de Hórus, o qual foi substituído por um
amuleto. O olho de Hórus, no entanto, foi perdido durante outra batalha contra Seth,
da qual Hórus saiu vencedor, e por isso o amuleto simboliza o bem que venceu o
mal, tornando-se um talismã que representa a luz, a sorte, a prosperidade, a
saúde e a força. Após vários combates
finalmente Hórus venceu Seth.
Os olhos simbolizam a dualidade. Dizem os egípcios que
o olho esquerdo é solar, sensível ao negativo e olho direito é lunar, sensível
ao positivo e afirmativo. As informações que chegam pelos olhos, cruzam no
cérebro para produzir a imagem mental correta do espaço. Deste modo, os olhos representam
a experimentação da consciência num universo repleto de contrastes, uma
experiência que nos permite encontrar a verdade por comparação entre as partes
opostas.
Os dois Olhos de Hórus simbolizam também a
dualidade entre masculino e feminino, emoção e intelecto, hemisfério cerebral
direito e esquerdo. Cada hemisfério do cérebro é dominante para alguns
comportamentos. O olho esquerdo ferido de Hórus é o olho da Lua, representa o
feminino e toda informação controlada pelo hemisfério direito do cérebro. O
lado esquerdo do cérebro é mais especializado em habilidades como lógica e matemática,
sendo por isso relacionado às habilidades mais frequentemente ditas masculinas.
Por esta razão, o olho direito de Hórus é o olho do Sol, o olho relacionado ao
elemento masculino.
Devido à semelhança do corte sagital das estruturas
límbicas (corpo caloso, tálamo e hipotálamo) com a representação do Olho de Hórus,
associada à semântica da expressão “o olho que tudo vê”, algumas crenças acreditam
ser as estruturas límbicas uma representação deste hieróglifo.
O corpo caloso é fundamental nessa representação,
uma vez que é ele a estrutura que integra o hemisfério cerebral direito e
esquerdo, e que faz a interface entre as muitas dualidades que dividem o ser
humano, entre elas o corpo e a alma.
Um documentário bem interessante para conhecer mais sobre a mitologia egípcia é a série “O olho de Hórus”, que está disponível no youtube. Deixo a seguir o link do primeiro episódio.