terça-feira, 3 de novembro de 2020

ALONGAR OU MOVIMENTAR: UMA QUESTÃO PARA PENSAR

 

Nossos músculos encurtam por diferentes razões, a mais comum talvez seja o desuso. Quando, por alguma razão, nos movimentamos pouco ou nos mantemos muitas horas numa mesma posição, nossos músculos encurtam.

Pessoas com comprometimento neuromotor (Paralisia Cerebral, AVC, Traumatismo Craniano, Lesão Medular, processos inflamatórios, entre outras agressões possíveis ao Sistema Nervoso), costumam ter sua mobilidade reduzida. Desta forma, seja pela limitação ou dificuldade em usar seus músculos, ou pelo desequilíbrio no nível de tensão dos músculos (tônus muscular), eles podem encurtar.

Muitos pacientes, familiares e até mesmo profissionais da saúde, acreditam que basta alongar o segmento encurtado para que a fibra muscular volte a recuperar seu tamanho e elasticidade. Mas, vamos pensar juntos, se a razão do encurtamento é a falta de movimento, não é coerente pensar que além de alongar é preciso movimentar os grupos musculares acometidos?

As condutas passivas são muito bem vindas na neuroreabilitação, especialmente quando o paciente não consegue realizar movimentos ativamente. Mas, a meta, o norte, é sempre o movimento ativo. Melhoramos a mobilidade para melhor movimentar. É verdade que a recuperação do movimento pode aumentar o encurtamento. Por isso, alongar é preciso, mas movimentar também é.

Em neuroreabilitação nem sempre escolhemos isto ou aquilo. Muitas vezes, isto e aquilo são igualmente importantes. Movimentamos para ganhar força e evitar o desuso. Ao recuperarmos a força, o ganho de força pode causar encurtamento. Então, alongamos para melhor movimentar. Essa é a roda vida da neuroreabilitação.

* Imagem extraída da Cartilha de Cuidados Posturais e Estimulação do Desenvolvimento Motor em domicílio para bebês e crianças com atraso do desenvolvimento neuropsicomotor

Disponível no: http://www.telessaude.uerj.br/escola/docs/cartilha.pdf